quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Amor às Estrelas

Me perdoa, Deus, por compartilhar um sentimento desse que é tão Teu. Mas, eu fico imaginando que, se um mísero mortal como eu, vivendo tão pouco e tão rápido, admira tanto, nesses segundos de vida, os milésimos que as pessoas queridas alcançam crescendo, se desenvolvendo, desabrochando, eu fico imaginando como é infinitamente lindo, o Senhor aí nessa vastidão, olhando zilhões de sóis surgindo, dando vida a multiplicados planetas, e neles, tantas outras estrelinhas humanas, Tuas filhas, que todo dia, alguém, crescendo, se ascende mais. Eu não mereço sentir um milionésimo desse Teu absoluto amor!
 
Quando eu for pai, quero ser igual ao Senhor. E ficar marcando na parede desse meu pequeno universo, todo mês, um tracinho, que vai fazer lembrar que o meu pequenino, um dia, foi pequenino. Mas, não vou querer que ele fique no tracinho. Nunca! Vou deixar ele fazer milhões de tracinhos em mim, com guache e com chocolate. Até o dia em que ele conseguir, sem subir em cadeira nenhuma, desenhar, lá do alto onde ele estiver, fazer um tracinho na minha careca corcunda que já vai estar reluzente, feito estrelinha, apontada pro céu, refletindo o Senhor, meu Pai!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um Recanto

Longe, muito longe da medula da cidade
Buracos, pista mal cuidada, fendas no solo
Separavam a gente daquela gente
Em um lar humilde de nome Chico Xavier

Chegando lá, atraído pela insistência, 
Pedido amoroso e repetido de seu tio,
A música dançava no ar
Feito uma redoma de abraço e paz

Filho, não há igreja, nem com todos os vitrais
Nem com todas as abóbadas pintadas
Por mil miquelângelos trabalhadas
Nem com mil imagens esculpidas em ouro
Pelo mais inspirado escultor
Que chegue aos pés e ao chão rachados
Daquele centro de amor

Sem púlpito que denunciasse um superior
Com falas que corriam entre os risos
E lembravam as façanhas de nossos mestres
Que passaram na Terra e na terra

Senti que eles mesmos ali estavam presentes
Arando nosso coração
Esculpindo nossa alma
Colorindo nosso semblante de alegria

A prece, meu pequeno, não evoca espírito algum
Ela assume a nossa condição de estar cercado por eles
Num diálogo infinito

segunda-feira, 14 de março de 2011

Circo de dores. Circo de amores.

Eu queria que sua estadia por aqui fosse só felicidade. Mas, ensinaram-me os Espíritos que esse desejo não pode vingar. É que você precisa crescer e, nesse planeta, a dor nos desperta para esse intento. Do contrário, a gente passaria a vida brincando no parquinho, fazendo piquenique, comprando pipoca e ingresso para assistir as acrobacias do circo.

A gente ia se esquecer que a nossa diversão é sustentada por um conjunto de pessoas que não se diverte enquanto a gente acha graça e que existe uma cerca nos protegendo das crianças que tem fome e olham pedintes para os doces que se espalham no tapete que trouxemos para repousar na grama.

Eu tenho andado triste e raivoso, filho. Sua avó vem piorando e ela espalha o desespero dela nos mais próximos. Você vê que ela não pode ficar sem cuidado um minuto. Vê como ela não aceita os remédios, preferindo sobrecarregar os outros de cuidados. Você viu como eu tive de voltar cedo para o meu corpo dormido para ajudá-la a se levantar.

Você viu como seu pai chegou cansado em casa antes de ontem e triste, muito triste com o futuro de uma criança que tenta sobreviver dentro da barriga de uma mãe que acompanho. Ela vai nascer de pais separados e briguentos. Vai nascer depois de ter sido submetida a drogas várias. E pior, vai nascer sem ter sido desejada da menor forma. Mas, ela é guerreira e parece ter Anjos muito dedicados. Cresce normal, seu coração é forte e mexe como um touro.

Não posso criticar a mãezinha dela, filho. Essa moça que eu estou assistindo foi jogada na rua quando nasceu. Foi criada pela tia. Tem uma relação difícil e violenta com o parceiro. Tem revoltas silenciosas. Prefere ficar isolada.

Hoje vou dedicar o meu dia a ler sobre Deus e suas possibilidades de existir no nosso coração. Estou precisando dessa leitura.

Não tenha medo. Não será nada disso com você. Ainda que minhas dívidas com o Criador cheguem ao momento de serem quitadas e comecem a aparecer na forma de doenças pelo meu corpo, ou me afastando das posses que hoje temos; ainda que você venha com necessidades especiais para crescer um Espírito mais forte, eu vou te receber nos braços com lágrimas nos olhos de esperança e vou pular feito um palhaço, voar nas estrelas feito um acrobata, sentir a vida no doce da língua e nos cercar, eu e sua mãe – ela também te quer muito –  de amor por você.

Sinto-me um pouco melhor agora. Fica em paz.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Eis que você já veio

Olha só você querendo imitar seu tio mais novo! Foi assim mesmo com ele... Eu disse que só viesse no ano 2000 e ele deu um traço na gente: chegou 3 anos antes. Tudo bem, vovô tinha esquecido de você, me desculpe! O recado era mais para os seus outros primos, filhos de seus tios mais jovens.

Na verdade, meu querido, essa foi uma notícia maravilhosa para todos nós. Seus pais estão em festa, sua vó não vê a hora de te encher de mimos, sem falar dos teus avós paternos, que certamente não te darão sossego. Aliás, você realmente não vai poder reclamar de falta de amor! É tão privilegiado que terá 3 avôs! Já pensou o quanto isso é bom? Dizem que ter um avô já é uma coisa maravilhosa, imagine ter três!!!!

Pois é, e no meio deles, ali, meio que de intrometido, estou eu. Como você sabe, pelos laços do sangue, não tenho direito a esse título; mas pelos laços da alma, senti desde o primeiro momento que somos almas muito afins! Não sei se foi você ou algum tio aí da colônia que veio aqui me dizer isso. Sei que senti uma grande emoção me envolvendo quando orava por ti e pela tua mãe, alho que me dizia: ele é seu neto! Poucos dias depois, estávamos reunidos preparando o Emece, um encontro que realizamos para reunir os jovens durante o Carnaval. E enquanto estávamos lá orando, vibrando pelos jovens, senti as mesmas vibrações e lembrei de você. Senti como se tivesse tocando sua mãozinha! Foi muito bom, era como se estivéssemos preparando o campo onde um dia você estará também conosco.

Depois um amigo, que preferiu não se identificar, falou por intermédio do vovô e falou mutas coisas boas sobre o nosso trabalho e sobre fato de mutas vezes ainda não nos acharmos prontos para servir a Jesus. Mas ele disse, agora era a nossa vez, como um dia foi a de Pedro, Paulo, João... E ele nos encheu de ânimo, pois disse que Deus sabia de nossas fragilidades, mas confiava que havíamos já despertado para a necessidade de servir cada vez mais. Foi mais um momento de grande emoção, não pude conter as lágrimas. Seu avô anda meio bobo pra chorar...

Mas queria te dizer, meu querido, que quando chegares aqui e estiveres em plena juventude, serás convidado para muitas festas, carnavais, shows, aventuras, enfim. Eu participei de todas essas coisas e posso te garantir, nehuma delas me proporcionou tanta alegria verdadeira como esses encontros com o Cristo e seus emissários que sempre estão juntos conosco nesses banquetes de luz.

É o que me fortalece, é o que alimenta minha alma para as grandes provações que ainda tenho pelo caminho!
Vovô vai ficando por aqui, amanhã tenho um dia cheio de muito trabalho. Receba um grande beijo meu e de sua vovô. Ela fica muto feliz por eu estar lhe escrevendo essas cartinhas. Você já deve saber que ela não é muito chegada a computador, mas certamente você tem recebido suas mensagens pelas vias do pensamento.

Fica com Deus!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Aos meus netinhos

Dizem que os avós são pais duas vezes. E pela forma como vi meu pai se transformar diante de seus netos, certamente essa é uma daquelas grandes verdades encontradas na sabedoria popular. Foi por isso que resolvi escrever para vocês aqui, meus netinhos, nessa página onde seus colegas estão recebendo cartas de seus pais. Como vocês sabem, vovô começou cedo e parou cedo, então, agora é assim que haveremos de nos reencontrar.

Mas peço que não se apressem não, viu, rsss  Pois isso poderia complicar a vidas dos pais de vocês, que não estão prontos para recebê-los nesse momento. Saibam que eu também tenho muita vontade que esse dia chegue, vou amá-los muito e farei de tudo pra ser um super vozão! Sei que, quando estamos aí, temos uma certa pressa de vir, mas Deus sabe o melhor momento, então entreguem-se à Sua vontade.

Queria compartilhar com vocês uma experiência muito feliz que vivi essa semana. Estava saindo de plantão, lá no Corpo de Bombeiros (é, o vovô é meio super-herói... rsss... Quando estiverem aqui, conto minhas aventuras para vocês). Bom, voltando à minha história... Estava saindo do plantão e o funcionário que trabalha conosco, o Wellington, deixou o rádio ligado e tinha um homem falando com uma voz muito bonita naquele momento.

Eu não sabia quem era, meninos, mas de repente ele conseguiu a minha atenção, mesmo eu estando ocupado e apressado para ir embora, recolhendo meus pertences do armário. Ele tem o dom da palavra, crianças, e fala com o coração! Não saberia reproduzir exatamente o que ele disse, mas era mais ou menos assim: "Os tempos são outros, as coisas evoluíram e Deus acompanhou esses tempos. Hoje ninguém pode dizer que não foi chamado. Deus não manda mais sinais não, ele usa agora é GPS".

Não sei se vocês sabem o que é isso, mas seus tios aí da colônia têm aparelhos até mais sofisticados. É um sistema de satélite capaz de localizar os lugares mais longínquos e até mesmo pessoas, carros, enfim... É claro que Deus sempre consegue saber onde estamos e o que estamos fazendo. Mas a forma como aquele homem me chamava a atenção para esse fato tão simples naquele momento me fez pensar que Deus estava exatamente naquela hora me enviando uma mensagem. Por um de seus emissários, que estava muito longe de mim e que através da rádio conseguiu invadir minha mente, minha alma.

Esperei para saber quem era aquele irmão. Era um padre, Reginaldo Manzoti é seu nome. Ele é muito conhecido pelos nossos irmão católicos e soube que realmente é uma pessoa muito especial. Agora, lembrem, como diz uma canção muito linda que o vovô adora, “a toda criatura, Deus chama pelo nome”. Ele está sempre conosco, nós é que muitas vezes não lhe damos ouvido.

Bom, crianças, vovô vai ficando por aqui, preciso dormir, estou cansado, estou ficando realmente velho, rsss. Mas adorei escrever para vocês. Teremos muitas outras conversas.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Vamos aprender a fazer Laços?

Olá, meus filhotes. Como vai a vida aí? Espero que esteja tão boa quanto aqui. Estou me preparando para a chegada de vocês. Trabalhando, estudando, aprendendo, para que, quando o momento de nos reencontrarmos chegar, eu possa ser a melhor mãe que vocês terão! Eu falo pra todo mundo que nasci pra ser mãe e, quando vocês chegarem, tenho certeza que será o melhor momento da minha vida! Hoje a mamãe veio aqui pra falar sobre os laços.

Meus bebês, os laços que a mamãe está falando não é o laçinho que a gente faz no tênis quando vai calçá-los, mas os laços que fazemos com as pessoas que amamos. Quando a gente gosta de alguém é como se os pensamentos e os corações se ligassem por um fiozinho de luz, e é através desse fiozinho que nós passamos a nos comunicar e trocar sentimentos bons. Um dos seus tios (aquele bem grandão que parece com o Shrek do desenho) propôs na semana passada que nós apertássemos os nossos laços com as pessoas que temos alguma desavença ou com aqueles que estão distantes de nós. Na nossa família nós encontramos alguns exemplos disso.  Existem aquelas pessoas que, por descuido, deixamos de lado. Esquecemos de ligar e dizer o quanto elas são importantes para nós.

Pois foi exatamente isso que a mamãe pensou. Muitas vezes a mamãe esquece de falar para aqueles que ela ama o quanto eles são especiais e importantes na vida dela. Se a mamãe esquecer de dizer isso pra você TODOS OS DIAS, podem cobrar, viu!?

Percebendo isso, a mamãe decidiu colocar como meta, não só nessa semana que passou, mas durante toda a vida, nunca perder a oportunidade de dizer para as pessoas queridas o quanto ela os ama de verdade, do fundo do coração. Mas não pode falar isso da boca pra fora, viu, pequenos? Só quando realmente sentir de verdade.

Sendo assim a mamãe tentou estar mais presente no dia-a-dia da sua avozinha e do seu avô 2  (aqueles que levam vocês pro sítio pra cultivar as florezinhas). Tentou também dar mais carinho para o seu Bisavô (aquele velhinho simpático que ensinou vocês a jogar baralho) e para a sua Bisavó (aquela que não sai da calçada). Tentou diminuir a carência de companhia da sua outra “Bivó” (aquela que sempre viaja e dança muito). Tentou conversar mais com a sua tia Lorena (aquela que se veste diferente e mora longe). E tentou se aproximar mais do seu avô 1(o engraçado que vem te visitar e leva pra ver filminho).

Mamãe fez isso tudo, meninos, para que eles pudessem sentir o quanto ela ama todos eles e o quanto eles a fazem feliz. Assim como vocês farão. Desde então, meus bebês, a mamãe diz “eu te amo” para todos eles, e para outras pessoas que a mamãe gosta, todos os dias. Para que os laços nunca fiquem frouxos, e para que possamos estar cada vez mais unidos em busca da felicidade.

Já Amo Vocês. Muito.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Meu filho II

Eu sei que você sabe, aí do plano espiritual, os caminhos que a minha vida seguirá até o momento em que acalentarei você em meus braços.

Eu sei também que muitas dessas coisas já foram escolhidas por mim quando estava aí onde você está. E que se eu estiver em paz com a minha consciência, e em dia com os meus deveres, as escolhas que farei serão acertadas o suficiente para que eu não me desvie dos objetivos programados.

Mas nesse instante, meu querido, a sua mãe é só angústia! Não queria que você me visse assim pois os pais precisam demonstrar uma certa força aos olhos dos filhos, mas nesse instante as incertezas do futuro e a aparente falta de sentido do presente me fazem parecer fraca e triste.

Ontem, no entanto, vivi um momento belo, muito belo! Uma das suas tias mais queridas, com quem a mamãe tem laços fortes construídos do passado, percebendo a minha dor, disse que o que de melhor ela poderia me dar naquele instante seria um forte abraço. E foi isso que ela fez... Me abraçou e me acolheu no coração dela e me disse palavras tão encorajadoras que uma parte dessa angústia toda saiu em forma de lágrimas!
A vontade que tinha era de que aquele momento não acabasse nunca!

E uma alegria verdadeira nos invadiu! E eu fiquei muito feliz por perceber na amizade sincera dela o amparo amoroso para as minhas dúvidas e inquietações. Quando você estiver aqui na Terra, você também terá amigos assim... Que te acolherão profundamente e com os quais você construirá momentos infinitamente felizes... Pois o que os unirá será o amor ao mestre querido que ampara todos nós: Jesus!!

Sinto daqui o seu amparo!

E aguardo a sua presença!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Perdoe e Ajude

Sua tia mandou um desafio pra gente. Ela pediu para termos paciência com os insultos que os outros nos dirigem. Mais do que isso! Ela pediu para que reconhecêssemos que aquele insulto só nos incomoda porque ainda somos pessoas que também insultam os outros. E nós não gostamos de reconhecer que existe o mesmo mal dentro da gente.

Papai chegou cansado em casa. Deixei de atender um doente no posto de saúde porque eu estava cansado e já era perto do almoço. Mas o Vovô Bezerra, que eu pedi para que fosse meu professor espiritual de medicina, me colocou na porta mais três pacientes, um deles muito abatido, que despertou minha piedade. Eu entendi o recado.

Fui almoçar tarde, mas ainda tinha comida em algum restaurante.

Tive que ajudar sua mãe no trabalho. Ela precisava, aproveitando rapidamente o recreio, pegar um documento em outro canto da cidade. O trânsito todo estava horrível! Espero que as pessoas estejam mais educadas quando for sua vez de dirigir.

Depois fomos pra casa dela e ficamos do lado de fora, sem a chave, com fome. E a coca-cola que a gente tinha comprado não queria abrir. Aproveitamos para conversar sobre a vida, enquanto sua avó chegava, cansada do mesmo trânsito, para nos colocar pra dentro.

Eu fiquei estudando algumas horas pra tentar ver como poderia resolver uma dor de cabeça que uma senhora estava tendo há mais de uma semana.

Então, e só depois de ter estudado, eu fui pra minha casa onde estava sua outra avó. A que treme o braço. Ela estava triste, filho. Na verdade, estava chateada. Queria que eu tivesse chegado mais cedo para ajudá-la.

Eu tomei um banho para deixar escorrer o cansaço, e fui cuidar do braço dela, que dói e que pesa. Fui com calma e cuidado e carinho. Mas, ela não parava de reclamar. Não dos meus cuidados, mas da minha falta, da minha ausência, da minha pouca ajuda no resto do dia.

Eu me lembrei do que sua tia havia pedido pra eu fazer: ter paciência. É que, disse o Espírito Amigo que falou pra ela, a vida faz um monte de furinhos na gente, que são bem pequenos, quase nada, mas que acabam ferindo e fazendo a gente sangrar. Aí me lembrei também que muitas vezes eu reclamo demais dos outros, sem perceber o quanto a vida dos outros é demais doída. Doída igual o braço da sua avó, que ela diz que dói e queima, mas eu nunca vou entender exatamente o que ela sofre.

Foi pela minha ignorância diante dessa dor que eu li a mensagem do Espírito Amigo. Li alto pra mim e pra ela. Eu disse que realmente não entendia o que era aquilo, mas que eu estava ali pra ajudar. Só pedi, por favor, que ela não tornasse a coisa ainda mais amarga, feito café sem açúcar. Fiz um Pai Nosso. Depois, uma prece de improviso e de coração. O braço dela foi se acalmando, e o remédio fazendo efeito.

Diz pro vovô, pro meu pai, que deve tá te fazendo todo o mimo do universo por aí, que eu adoro quando ele vem aqui, deixa cheiro de rosas e adoça a nossa casa.  

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Meu filho...

A mamãe tem pensado muito em você, pensado em como você virá, como será, que sentimentos trará aflorados. Tenho pensado também se estarei suficientemente preparada para guiar seus passos e conduzir seus pensamentos na direção reta da Verdade.

Há tempos tenho tido lições valorosas com um certo professor, ele tem amorosamente me conduzido em direção ao Belo e ao Bem. Graças a esse professor querido tenho conhecido muitos amigos, colegas de sala que me ensinam, apóiam e com os quais divido intensas alegrias. Alguns estão espalhados pela imensidão, outros estão aqui bem ao meu lado, cada um traz um valor e uma luta e com todos aprendo e construo novos quadros vibrantes de memória.

A mamãe há muito tempo não é mais a mesma, está melhor, mais tranqüila, mas às vezes ainda sente uma angústia muito grande, pois quer acertar e se preparar bem para quando você chegar. Não é fácil perceber quem somos de verdade, meu filho. Não é fácil sentir as vibrações do passado muitas vezes sombrio, mas é tão belo sentir as alegrias perenes do futuro que podemos construir...

Talvez você ainda demore um pouco para chegar, pois antes preciso reencontrar o Espírito querido a quem você chamará de pai. Mas uma coisa você já tem: avós amorosos que lutam diariamente contra as próprias dificuldades e me auxiliam a ser melhor. Você também tem uma tia que projeta e constrói o novo.

E amigos, meu filho.... Amigos queridos de todas as idades, amigos que cantam, que dançam, que olham para o céu, que falam do Evangelho, que moram longe, que moram perto, mas todos ligados ao pensamento de Jesus e serão eles que me auxiliarão a guiar os seus passos. Alguns ainda são jovens fisicamente mas já estão envolvidos na Seara do Amor e da Paz e amam a música e a natureza. Outros mais velhos no corpo me ensinam os caminhos a serem percorridos e me estimulam a trabalhar sempre.

Quando você chegar aqui, te conduzirei a uma casa azul com uma frondosa mangueira no jardim e essa casa será seu lar, sua escola, seu porto seguro. Lá você conhecerá a retinha do Bem e as músicas da Nova Era.

Sinto, meu filho, que você será envolvido em muito amor, assim como as outras crianças que chegarão nesse momento de transição do nosso planeta querido. Venha preparado para muitas lutas, mas também para infinitas alegrias. Não tenha medo... Espíritos amorosos caminham ao nosso lado e nos guardam. Eles estão compromissados conosco desde muito tempo atrás...

Venha também, meu querido, preparado para muitas viagens! Desde cedo te levarei para estar com todos esses amigos e alguns moram muito longe... Mas a distância não nos impede de estarmos sempre juntos. Te levarei também muitas e muitas vezes para vivenciar aulas belíssimas na casa do Professor Eurípedes, mas o caminho para lá é tão belo que você pensará que está voltando aí para o plano espiritual e, quando menos esperar, chegará a uma cidadezinha acolhedora com ruas de pedra e casas antigas. Lá você sentirá que nada é maior que o Amor. E que o Amor é a expressão de Deus em nós! 

Essa é só a primeira das muitas cartas que escreverei para você até o dia em que poderei te olhar nos olhos e dizer tudo o que haverá para ser dito!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Quando eu tava "chocho"

Ah, meu filho! A semana que passou foi tão boa pro papai... Não sei se você já teve isso, se já teve tempo de reparar nisso, mas às vezes a gente fica meio "chocho", sem aquele brilho no olho, sem aquela vontade verdadeira de fazer coisa boa... É como se a gente esquecesse, ou fizesse de conta que esqueceu, que é filho do Papai do Céu e que tem muita força e muita coisa boa dentro da gente.

Mas, olha, vou te contar um segredo: toda vez que isso acontece, Ele manda um Espírito Benevolente pra nos ajudar! Toda vez mesmo, viu? É que o Papai do Céu, que é meu pai e seu pai também (qualquer dia a gente conversa  mais sobre isso...), não gosta de ver a gente chateado, sabe? Ele é sempre alegre, e prefere que a gente seja feliz também!

O engraçado foi que Ele me mandou dois Espíritos Benevolentes, só na quinta-feira: um que é uma mulher muito amorosa, uma "mãezona", de quem o papai e a mamãe gostam muito. Ela me ligou, pedindo pra que eu falasse do Evangelho de Jesus em vez dela no dia seguinte, lá na nossa casa espírita.

A moça tinha que cuidar do filho e, sabe como é, cuidar de vocês é muito gostoso, mas às vezes dá um trabalho... E a casa espírita era aquela lá de Belo Horizonte, linda e aconchegante, onde o papai e a mamãe aprenderam como nunca a se preparar pra receber você e seus irmãos!

Eu aceitei na hora o convite. Aceitei porque é disso que o Espírito precisa quando tá "chocho": trabalho no Bem, ao lado de Jesus. Já tava mais animado, começando a refletir sobre a lição do Mestre que eu ia levar pros nossos irmãos lá da casa, quando recebo outra ligação. Dessa vez, o Espírito Benevolente era um homem muito inteligente, com cara de gente sabida de tantos anos que carrega encarnado nesse mundo.

Disse que tava pronto um presentinho que o vovô tinha encomendado pra mim uns cinco meses antes: um telescópio desses que ajudam a gente a ver o Céu mais de perto e se sentir mais perto do Papai de lá! Nossa, era bom demais pra ser verdade! Primeiro, um convite pro trabalho com Jesus! Agora, uma ferramenta novinha pros próximos trabalhos!

Pra não encompridar a história, nem cansar você, vou terminar dizendo que o estudo da noite seguinte foi muito bom. A gente conversou sobre a gratidão que um grande seguidor de Jesus dizia sentir por todo mundo, até por quem atrapalhava ele. Um dia a gente aprende a ter um coração tão generoso assim! E, no outro dia, sábado, a mamãe e eu passamos a noite na casa de alguns grandes amigos da casa espírita pra ver o Céu com o telescópio e, todos juntos, elevarmos nosso pensamento até lá em cimão, onde um dia a gente também vai morar!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Antes que você encarne

Há poucos dias eu tive um encontro bom com um Espírito Benevolente. Por Deus, meu filho, teu pai chorou como talvez você venha a chorar quando estiver com medo do escuro, com medo de dormir sozinho, com medo de que eu vá embora e que não volte. Aliás, filho, o meu choro, na verdade, não foi um choro de solidão. Teu pai chorou como talvez você chore logo que nascer. Um choro de quem está desnudo e com frio. Mas, as lágrimas tiveram o poder de me esquentar como terá o seio da tua mãe pouco tempo depois de você já estar aqui.

Fui a Sacramento, cidade de Eurípedes Barsanulfo. Ele era um professor de crianças. Você deve ter ouvido falar dele por aí. Fez um trabalho inigualável educando os Espíritos encarnados nesse país de provações. Ensinou-lhes que, embora estivessem nesse mundo, não pertenciam a ele. Ensinou-lhes a ver as estrelas. Ensinou-lhes que Deus se esconde em cada pequena porção da Natureza. Ensinou-lhes a encontrar Deus com a inteligência e com o coração. Ensinou-lhes algo ainda mais extraordinário: que a morte não existe. E me ensinou isso de tal forma e com tamanha naturalidade que me vi livre para desde já falar com você.

Não preciso nem dizer a quem ele servia. Ora, servia àquele cujo nome se espalha por todos os cantos, em cânticos e preces, de onde você está. Jesus! Por aqui seu nome ainda se esconde no coração de pessoas como Eurípedes, que grita seu nome para que os surdos ouçam e faz coisas extraordinárias para que os cegos vejam. Mas poucos se mantêm na fé.

O Encontro de Sacramento já acontece pela 43ª vez. Muitas pessoas que acreditam nessas coisas, os espíritas, se reúnem para aprender o que Eurípedes, mesmo já tendo saído da carne, ainda continua a ensinar. Dessa vez ele falava sobre a liberdade. E como ser livre para Deus.

Claro que, sem corpo, ele não tem como falar para que eu escute com os ouvidos. Então, ele se utilizou de uma senhora fantástica, cujos olhos verdes têm um certo mistério de te olhar por dentro. Aliás, várias pessoas queridas nesse lugar tinham esse mistério. Acho que desenvolvidas pelo amor.

As lições de Eurípedes me chegaram de outra forma, também. Ele falou ao meu Espírito.

Houve um momento, em que eu me afastei do público atento e fui passear pelo colégio onde estávamos: o Colégio Allan Kardec. Minha atenção foi chamada para um quarto que possuía as coisas que haviam feito parte da história de Eurípedes quando ele estava encarnado. Eu percorri os meus olhos com toda a lentidão de quem come doce. E quando eu olhei para ele, o retrato dele em um quadro enorme. Eu dei pra chorar um choro intenso, mas um choro bom. Um choro de quem tivesse encotrado um pai, ou um irmão mais velho querido, depois de ter passado horas (ou anos!) perdido longe de casa.

Eu me revelei na minha inferioridade e, não sei se já posso contar isso a você, no meu orgulho e na minha vaidade. Sim, meu filho amado, seu pai não é perfeito. E minhas chagas se mostraram para o professor expostas sem pudor. Foi um choque e uma surpresa. Ele parecia me fazer um convite. Um convite para que eu, finalmente, trabalhasse na mesma seara a que ele se dedica. Ele queria que eu também o ajudasse a Evangelizar os Espíritos. Eu que até então estava imerso no meu mundo de fazer sobreviver apenas o meu mundo e os meus amores.

Me recompondo, voltei até onde aquela senhora de olhos verdes misteriosos falava e falava sobre tudo o que Eurípedes queria ensinar pra gente. E tão logo ela acabou de falar, um coro de crianças e jovens, começa a cantar músicas sobre libertação e despertar. Meus olhos já estavam rasos de tanto chorar. Mas, para completar, a mulher misteriosa deu de deixar passar a fala de um Espírito muito querido, do qual você também já deve ter ouvido falar. Ele sempre se apresenta velhinho, olhos claros e barbas brancas. Fala compassada e humilde. Era Bezerra de Menezes. Ele disse que, onde quer que estivéssemos, eles, os Espíritos Benvolentes, estariam conosco, e que nós não tínhamos idéia do quanto todos eles amavam aqueles que serviam Jesus.

Eu vou começar aos poucos, querido. Vou lhe deixar a par de tudo o que estou fazendo. Fui chamado para trabalhar por esta causa. Meu coração foi enlaçado por ela. Me faz bem te contar cada passo. Não estarei só. Você vai ver quando chegar aqui que terá tios e tias fantásticos. São meus irmãos queridos. Verá que nenhum laço de sangue tenho com eles. Perceberá que isso é o de menos e que o que nos une, para além do abismo do sangue ou da morte, é o amor que temos uns pelos outros.

Sei que já pode sentir isso, mesmo antes, muito antes, de a gente se ver.