terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Perdoe e Ajude

Sua tia mandou um desafio pra gente. Ela pediu para termos paciência com os insultos que os outros nos dirigem. Mais do que isso! Ela pediu para que reconhecêssemos que aquele insulto só nos incomoda porque ainda somos pessoas que também insultam os outros. E nós não gostamos de reconhecer que existe o mesmo mal dentro da gente.

Papai chegou cansado em casa. Deixei de atender um doente no posto de saúde porque eu estava cansado e já era perto do almoço. Mas o Vovô Bezerra, que eu pedi para que fosse meu professor espiritual de medicina, me colocou na porta mais três pacientes, um deles muito abatido, que despertou minha piedade. Eu entendi o recado.

Fui almoçar tarde, mas ainda tinha comida em algum restaurante.

Tive que ajudar sua mãe no trabalho. Ela precisava, aproveitando rapidamente o recreio, pegar um documento em outro canto da cidade. O trânsito todo estava horrível! Espero que as pessoas estejam mais educadas quando for sua vez de dirigir.

Depois fomos pra casa dela e ficamos do lado de fora, sem a chave, com fome. E a coca-cola que a gente tinha comprado não queria abrir. Aproveitamos para conversar sobre a vida, enquanto sua avó chegava, cansada do mesmo trânsito, para nos colocar pra dentro.

Eu fiquei estudando algumas horas pra tentar ver como poderia resolver uma dor de cabeça que uma senhora estava tendo há mais de uma semana.

Então, e só depois de ter estudado, eu fui pra minha casa onde estava sua outra avó. A que treme o braço. Ela estava triste, filho. Na verdade, estava chateada. Queria que eu tivesse chegado mais cedo para ajudá-la.

Eu tomei um banho para deixar escorrer o cansaço, e fui cuidar do braço dela, que dói e que pesa. Fui com calma e cuidado e carinho. Mas, ela não parava de reclamar. Não dos meus cuidados, mas da minha falta, da minha ausência, da minha pouca ajuda no resto do dia.

Eu me lembrei do que sua tia havia pedido pra eu fazer: ter paciência. É que, disse o Espírito Amigo que falou pra ela, a vida faz um monte de furinhos na gente, que são bem pequenos, quase nada, mas que acabam ferindo e fazendo a gente sangrar. Aí me lembrei também que muitas vezes eu reclamo demais dos outros, sem perceber o quanto a vida dos outros é demais doída. Doída igual o braço da sua avó, que ela diz que dói e queima, mas eu nunca vou entender exatamente o que ela sofre.

Foi pela minha ignorância diante dessa dor que eu li a mensagem do Espírito Amigo. Li alto pra mim e pra ela. Eu disse que realmente não entendia o que era aquilo, mas que eu estava ali pra ajudar. Só pedi, por favor, que ela não tornasse a coisa ainda mais amarga, feito café sem açúcar. Fiz um Pai Nosso. Depois, uma prece de improviso e de coração. O braço dela foi se acalmando, e o remédio fazendo efeito.

Diz pro vovô, pro meu pai, que deve tá te fazendo todo o mimo do universo por aí, que eu adoro quando ele vem aqui, deixa cheiro de rosas e adoça a nossa casa.  

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