quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um Recanto

Longe, muito longe da medula da cidade
Buracos, pista mal cuidada, fendas no solo
Separavam a gente daquela gente
Em um lar humilde de nome Chico Xavier

Chegando lá, atraído pela insistência, 
Pedido amoroso e repetido de seu tio,
A música dançava no ar
Feito uma redoma de abraço e paz

Filho, não há igreja, nem com todos os vitrais
Nem com todas as abóbadas pintadas
Por mil miquelângelos trabalhadas
Nem com mil imagens esculpidas em ouro
Pelo mais inspirado escultor
Que chegue aos pés e ao chão rachados
Daquele centro de amor

Sem púlpito que denunciasse um superior
Com falas que corriam entre os risos
E lembravam as façanhas de nossos mestres
Que passaram na Terra e na terra

Senti que eles mesmos ali estavam presentes
Arando nosso coração
Esculpindo nossa alma
Colorindo nosso semblante de alegria

A prece, meu pequeno, não evoca espírito algum
Ela assume a nossa condição de estar cercado por eles
Num diálogo infinito